EDITORIAL

ATÉ PARECE GENOCÍDIO... (!)


Em São Paulo, um casal de moradores de rua teve sua filha, de poucos meses de idade, sequestrada por um outro, de classe média. Os criminosos foram presos, graças à intervenção de uma testemunha que anotou a placa do carro utilizado para o sequestro da criança.


A bebezinha foi levada ao hospital mais próximo, onde foi submetida a exames médicos, cuja conclusão a atestou estar em bom estado de saúde. Todavia, não a devolveram aos braços de seus pais, catadores de objetos recicláveis, que estavam ansiosos pelo retôrno de sua querida filinha.


O Juizado de Menor resolveu, para o "bem" da criança, interná-la numa instituição de amparo a menor, para futura adoção, sem levar em consideração que ela foi tirada do aconchego de seus pais, de maneira tão abrupta. Ou será que pobre não tem direito de criar seus filhos, honestamente?


Este triste caso me fez lembrar de um outro, horrendo, acontecido no Rio de Janeiro, há muitos anos. O então Governador, Sr. Negrão de Lima, mandou matar todo mendigo que estivesse perambulando, ou dormindo, em ruas, avenidas, praças e em outros quaisquer logradouros públicos da Cidade Maravilhosa.


Àquela época, o Rio se achava numa situação periclitante, em virtude da mendicancia que, dia a dia, se espraiava nos bairros e Centro da cidade. Daí, Negrão de Lima entendeu que a melhor forma de acabar com o problema, a curto praso, seria a matança... Cometeu o maior genocídio da história do Brasil!


Tirar crianças das mãos de seus legítimos pais, com a pífia justificativa, determinante, de que não têm poder para criá-las, pelo simples fato de serem desafortunados (Vítimas, tão só, da desigualdade social imposta, há anos, pelos Governos), é crime, semelhante ao Genocídio cominado pelo perverso Negrão de Lima.


O Juizado de Menor da cidade de São Paulo, também, pretende acabar com os moradores de rua, daquela grande Capital, privando-lhes de ter filhos; e, se os já têm, toma-lhes! Fórmula mais simples para resolver o caso, invés de lhes dar condições de moradia e de sobrevivência, para criar seus filhos, condignamente.


TENHO DITO!


- Pedro Mallmann Filho (Camilinho)