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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

REMINISCÊNCIAS

UM NOVO BRASIL, SEM IDENTIDADE !
Pedro Mallmann Filho - CAMILINHO


Com meus pensamentos voltados para os idos Anos 50, revivi momentos de minha fase da adolescência, quando aluno do Colégio Estadual Liceu do Ceará (1954 a 1960). Época em que o Liceu mantinha em seu quadro do corpo discente, somente, alunos do sexo masculino (até 1956, porque, no ano seguinte, seu então Diretor Dr. Luiz Odilon Gonzaga Braveza - egresso da Direção do Colégio São João - anuiu a inclusão de alunas no 'Pujante Liceu do Ceará'. Naquele período (antes de o Liceu se tornar Educandário Misto), nós liceístas éramos a força maior da Classe Estudantil cearense.

Tempos marcantes da minha vida de estudante, quando mantínhamos - com muita garra - o Centro Estudantil Cearense; apesar de que, eu mesmo, nunca tenha participado, diretamente, de alguma Diretoria daquele glorioso Centro. Entretanto, quase sempre, marquei presença entre os colegas que promoviam greves, a título de protestos contra aumentos abusivos de passagens de ônibus, ou, quando organizavam movimentos radicais contra quaisquer atos de naturezas política e social (passeatas, comícios, e.t.c.).

Participando de um 'quebra-quebra' de ônibus, em plena Praça do Ferreira, tomei uma 'borrachada' de um guarda (usavam-se enormes cacetetes de borracha flexivel, para conter transgressores da ordem pública); alí, bem pertinho do Leão do Sul - onde, até hoje, se pode saciar o melhor pastel e o mais saboroso caldo de cana, no Centro de Fortaleza. Enquanto isto, alguns dirigentes do Centro Estudantil, que estavam postados defronte da Farmácia Oswaldo Cruz, sorridentes, pareciam divertir-se com aquela refrega entre guardas (policiais da época) e estudantes. Quanta covardia da parte daqueles dirigentes ... Botavam a gente no 'pau' e ficavam de fora!

Certa vez, falecendo o Professor Deoclécio Ferrer (pessoa benquista, também, no seio do corpo discente do Liceu do Ceará), nós resolvemos que o nosso Liceu haveria de estar em pleno luto, pelo passamento do nosso querido mestre. Não houve aulas, naquele dia. E mais... Fomos, a pé, até a Praça da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, com firme propósito de fecharmos o Colégio Municipal de Fortaleza (nosso respeitável rival, da época). Tivemos êxito! Muitos, dali, se uniram a nós e rumamos, todos, para a Praça da Igreja do Pequeno Grande, que fica ao lado do Colégio de Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Educandário religioso), com objetivo de fechar, também, o Colégio Estadual Justiniano de Serpa (mais conhecido como Escola Normal), localizado naquela mesmas praça. Sucesso total! As lindas normalistas se dispersaram, atendendo ao nosso apêlo.

Nossa caminhada teve prosseguimento até ao Colégio Castelo Branco, na Avenida Dom Manuel, a duzentos metros da Praça da Escola Normal. O então Diretor Padre Jonas já havia sido informado sobre uma possível invasão dos alunos do Liceu, em seu Colégio. Pois, a única e grande porta de acesso ao interior daquele tradicional educandário aldeotense (Bairro de Aldeota) estava, seguramente, trancada. Imaginamos pular o alto muro (2m ou mais de altura), aos fundos. Nada feito! A cada tentativa de alguns dos nossos companheiros, para escalar aquele grande muro, chovia - de dentro pra fora - pedras e mais pedras. Com isto, voltamos a tentar abrir a porta de entrada, a 'porradas'. Foi, aí, que ela se abriu, repentinamente, e Padre Jonas surgiu, esbravejando: - "Para entrarem no meu Colégio, voces terão que passar por cima de mim ... Eu, também, sou macho. Olhem-me!". Naquele mesmo instante, ele levantara sua batina, para que todos pudessem ver a calça comprida que usava. Ninguém teve coragem de dar um só passo a frente, para enfrentar o audaz Sacerdote de Deus e do Colégio Castelo Branco. As aulas, ali, foram mantidas e nós interrompemos a nossa caminhada... O Colégio São João estaria inserido no plano seguinte!

Estas cousas e tantas outras me passaram pela cabeça, trazendo-me doces nostalgias, aliadas a amargas decepções. Aquela época marcou o início do 'americanismo', no Brasil. Era a fase inicial da "Coca-Cola", do "Chicletts Adms", da "Calça FARWEST" (atual "JEANS") e de tantos outros produtos norte-americanos, que chegavam ao consumo de nós brasileiros. Daí, começávamos a repudiar o Capitalismo Norte-Americano e a lutar contra aquele estado de cousas que se iniciara em nosso pais. Passamos a abominar tudo o que se pudesse estar incluso num efeito antipatriótico e que viesse a favorecer o enriquecimento de brasileiros "americanhalados" (tratamento dado aos brasileiros de outrora, americanizados.

Presentemente, nosso querido Brasil não mais preserva sua sagrada identidade, ainda que na atual "Era LULA, lá, lá!". Para que tantas lutas, tanto sangue deramado, tanto patriotismo...no passado!? Ah! Quantas saudades da minha aguerrida geração, na adolescência. Hoje, em qualquer lugar, nos mais humildes bairros, em qualquer esquina...nos deparamos com qualquer barzinhos, mal instalados, com nomes reluzentes em letreiros, assim: - "Chico's Bar". E por que não, assim: - "Bar do Chico" (?)
Como a afrontar os meus velhos e sagrados princípios, na Carteira de Trabalho de uma de minhas filhas, a qual trabalhara numa grande Empresa de Telecomunicações, está transcrito, na página de admissão do empregado: - Cargo que ocupa: "Auxiliar de telemarketig"
Também! Um diretorzinho qualquer, de alguma pequena empresa, tem em sua CT, a irrelevante função de "Executivo de Marketing".
As nossas Revendedoras de carros novos, ou usados, abusam em dizer (nos seus comerciais de rádio e de televizão) dos belos "designs" de seus produtos; e, ainda, sugerem aos seus possíveis clientes, o "test-driver".
Pior é que, quando tivermos que fazer um Curso de Aperfeiçoamento Profissional, seremos forçados a comprar Apostilas que contêm quantidade absurda de vocábulos e expressões do idioma inglês.

Se não fora a formação religiosa que minha saudosa, doce e santa mãezinha me deu, eu iria correndo (alopradamente) para os Orixás, rogando-lhes que nos salvassem da "Praga do Estrangeirismo" que contaminou nossa Pátria querida, Brasil.

"QUE DEUS, O CRISTO REDENDOR, DE BRAÇOS ABERTOS, LÁ, DO ALTO DO CORCOVADO, NA QUERIDA CIDADE MARAVILHOSA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SE APIEDE DE NÓS - TODOS OS BRASILEIROS DE BOA ÍNDOLE - E FAÇA COM QUE, JAMAIS, ALGUM DE NOSSOS GOVERNANTES VENHA A INSTITUIR O IDIOMA INGLÊS, COMO NOSSA LÍNGUA PÁTRIA!"

sábado, 7 de novembro de 2009

COUSAS DOS AMANTES DA MÚSICA SINFÔNICA

Ao fim da tarde deste sábado, sintonizando a TV Senado (Canal 11, Via Satélite-Century), Camilinho assistiu a um programa de orquestras sinfônicas que, ali, é exibido aos sábados, no mesmo horário. Na ocasião, era apresentada a Sinfonia Nº 4 de Romãntica, de autoria de Anton Bruckner, pela Orquestra Sinfônica de Viena, em Viena (Áustria).

A propósito, Camilinho não é amante da música sinfônica, tampouco toma gosto por este estilo de apresentação musical. Porém, desde jovem ( quando de passagem pelas salas de aulas do Colégio Estadual Liceu do Ceará, o 'velho e glorioso' Liceu do Ceará ), Camilinho se recusa a aceitar tantas ovações, mais ao regente de uma orquestra; conquanto a beleza musical que soa aos ouvidos da multidão presente ao Teatro, fica por conta dos inúmeros músicos da Orquestra, com seus mais diferentes instrumentos musicais... Muitos deles, senhores desconhecidos!

Camilinho é bastante convicto de que uma Orquestra não alcançará o êxito desejado se não contar, para seus ensaios, com um experiente e renomado Regente... Unicamente, para seus ensaios! Pois, em suas apresentações, nos Teatros, dever-se-ia acrescentar, em primeiro plano, uma confortável poltrona ao lado direito da Orquestra, destinada ao seu ilustre Regente. No início, o Maestro faria a apresentação de seus comandados ao público e anunciaria o ato a ser apresentado... E, em seguida, se sentaria na poltrona. Ao fim do ato, o Maestro se levantaria, exortando aplausos da platéia para aqueles que lhe presenteara com a grande exibição musical.

Patético, até, seja considerado o modo como alguns Maestros se portam diante de tão grandes públicos. Agitam-se, exageradamente, balançando a cabeça e fazendo caretas horríveis... E tocam aquela tradicional varinha para um lado e para o outro, para cima e para baixo, enquanto a mão desocupada fica a gesticular movimentos... Tudo isto, desnecessariamente! Por que, desnecessariamente? Há explicação admissível para tal.

Há muito, Camilinho tem observado que - quando nas apresentações através de televisões ou de cinemas - nenhum integrante da Orquestra se preocupa em olhar para os movimentos do Maestro. Limitam-se, apenas, a ler as partituras ou a visualizar seus próprios instrumentos, como se estivessem a não desejar incorrer num êrro melódico; ou, também, para dar uma leve espiadinha, vez outra, no público que os prestigia naquele grande momento.
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